22 de junho de 2022

Interpretação de Exames: Os números muito além dos valores de referência.

Interpretação de Exames
Tempo de Leitura : 3 minutos

 

O tema desse post é de extrema importância…

Entendendo o assunto tratado aqui, você compreenderá como a interpretação de exames focados na prevenção difere do modelo de interpretação tradicional.

O valor de referência utilizado na interpretação de exames deveria ser um dos elementos mais importantes de um exame laboratorial, visto que auxilia os profissionais de saúde na interpretação dos resultados.

Se uma prova vai de 0 -10, você concordaria com a nota de 0,25 a 9,75 como sendo normal? Pense nisso…

No Brasil, não há uma legislação que obrigue o laboratório a estabelecer seus próprios valores. O que está definido, por exemplo pela RDC 302 da Anvisa, é que o laudo deve conter valor de referência, limitações técnicas e dados para interpretação.

Sabemos que para uma comparação assertiva, os valores de referência devem ser definidos pelo próprio laboratório. Porém, o que vemos em grande parte dos estabelecimentos é a utilização de valores genéricos, retirados de bulas de reagentes ou de dados obtidos da literatura.

Contudo a origem desses valores raramente é especificada pelos laboratórios e tais valores muitas vezes são utilizados sem se observar a aplicabilidade para a população.

O que a maioria nunca parou para pensar é: de onde eles tiraram os valores de referência dos exames laboratoriais? Baseado em que, esse exame está dando esse valor considerado um valor normal?

A explicação para isso vem da Curva de Gauss ou curva de distribuição normal. Ao estudar a diversidade das populações, os matemáticos descobriram que muitas das populações, quando ordenadas por uma das suas dimensões – como o peso, a altura, ou mesmo a distância entre os olhos – distribuíam-se de acordo com uma curva em forma de sino. O ponto mais alto da curva corresponde ao valor médio, e as “pontas” correspondem aos valores que mais se afastam da média.

 

Essa curva mostra que a maior parte da população acaba tendo valores que se concentram próximo da “média” (a média seria o traço central acima, onde encontram-se 50% da população); porém existem aqueles que podem ser normais, mas encontram-se mais distantes da média.

Do ponto de vista estatístico, uma vez que essa curva é construída, atribuem-se valores e considera-se como “normal” aqueles que estão entre 2,5% e 97,5% ou seja, admite-se que a população em 95% dos casos é normal.

A palavra “normal” usada na matemática tem significado de “comum” enquanto na medicina tradicional ela é usada como sinônimo de “saudável”.

O problema em confiar em interpretações convencionais é que os chamados intervalos de referência “normais” podem não destacar questões importantes de saúde, pois uma parcela significativa da população “saudável” sofre de saúde abaixo do ideal relacionada à má alimentação e estilo de vida. Assim, os intervalos normais para a população podem não refletir necessariamente faixas verdadeiramente saudáveis.

Podemos citar como exemplo a interpretação dos exames de vitamina D que é considerada a vitamina mais potente do nosso corpo.

Estudos apontam que mais de 75% da população brasileira é carente em vitamina D, sendo um dos nutrientes dos quais mais a população brasileira apresenta carência. Onde a maioria encontra-se com níveis abaixo de 20ng/ml, considerado insuficiente.

Então, valores acima de 20 ng/mL já seriam considerados adequados pela maioria dos laboratórios, que de um modo geral trabalham com valores considerados dentro da normalidade de 20 – 30ng/ml.

Porém níveis adequados de vitamina D são muito importantes para a imunidade e manutenção da saúde e a dose considerada IDEAL para cada paciente varia de acordo com seu perfil, que também pode variar de acordo com o seu estado de saúde.

A nutrição e a medicina não são uma ciência exata e não deveria ser tratada como se fosse por profissionais da área da saúde. Para ler os valores de referência e saber se está “normal”, talvez você nem precise de um profissional para analisá-los.

Não há nada mais verdadeiro que a AVALIAÇÃO INDIVIDUAL, então procure por profissionais com uma visão mais integrativa e humanizada, que tenham conhecimento, que estejam em constante atualização, que olhe para você e não apenas para resultados em papel. Que realmente interprete os exames dentro de valores ideais e não fique preso a valores de referência, que cruze marcadores e dados dos parâmetros para entender melhor a sua condição de saúde no momento, pois cada pessoa tem sua individualidade biológica, seus sintomas, seu histórico familiar, seus hábitos de vida.

Que os seus VALORES e as suas REFERÊNCIAS sejam baseados naquilo que é IDEAL para você!

Escrito por:

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Mirian Cavalin

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